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Os Conhecimentos que não são obviamente úteis para uma carreira ao serviço das empresas de um mercado global, não têm lugar na visão Neoliberal do Conhecimento!
Por isso confundem sucesso, com sucesso material, e a adulação pelas honras que se procuram alcançar e os bens que se ostenta, com o êxito.
Tal leva-os a confundir a felicidade do homem com a sua capacidade de adquirir bens materiais e suas projecções, sempre que sejam susceptíveis de serem pagos e de isso ser tomado como a representação ostensiva do sucesso preconizado. É a exaltação do ter em vez do ser!
Consideram que ter abertura de espírito é ir com a maré, e essa é a melhor forma de acomodação ao presente, pelo que é inútil considerar outras alternativas que se lhe possam opor, e propagandeiam junto do cidadão que deve privilegiar o conhecimento técnico, ao conhecimento humano a cultura e o saber.
Ao deliberadamente não fomentarem a cultura, estão a fomentar a lei do menor esforço, porque “Para se ser aberto ao saber, há certas coisas que uma pessoa tem que conhecer, as quais a maioria das pessoas não está para se incomodar a aprender e parecem ser aborrecidas ou irrelevantes”.
Consideram que aprender, Literatura, Musica, Artes e Filosofia, com a consequente discussão do que é o homem, a ética e os valores e o belo é pura perca de tempo.
Procuram assim deixar o Cidadão desarmado perante o sistema, sem a capacidade de ser consciente e discutir o presente, e com isso ser capaz de por em causa a opinião dominante, e ao serem armados com esses conhecimentos se tornarem indóceis de governar.
Por isso, tudo que torne facilmente acessível o saber humanístico e artístico, em suma a cultura, é algo a desencorajar, e tornar difícil de adquirir pelo cidadão comum, e isso passa por considerar uma inutilidade a cultura, excepto se ela puder ser ostentada por alguns como bem adquirido; os meus quadros, os meus livros raros, as minhas peças de arte, os meus concertos; e por aí fora, como uma representação do seu poder aquisitivo e do seu status.
Por isso ao considera despesa tudo o que seja cultura, o que se pretende é dificultar ao cidadão comum o ter acesso a um serviço público de Radio e Televisão de Qualidade, ou de Teatro, ou de Cinema ou Musica ou de outra forma de Arte com qualidade, tão só com o pretexto de ser um fardo despesista, e portanto pode e -deve ser descartável, sendo tal falácia tanto mais bem aceite, logo que a programação seja manifestamente indigente, como é hoje, fruto de anos e anos de manipulação da programação, para servir os interesses políticos dos governantes, e não os interesses culturais das populações.
Assim se compreende que um governo composto por Neoliberais, na realidade uns NeoQualQuerCoisa, desprovidos de ética e valores tenha indiferença e até desprezo pela cultura, e pretenda privatizar um serviço público de Rádio e Televisão e até a Escola Pública, que constitucionalmente têm obrigação de manter e até melhorar.
Mas assim como é cuartado ao cidadão um abrangente conhecimento humanístico, também o conhecimento científico é superficial, ou quando profundo é sectorial. «(...) com o culto excessivo da especialização, os homens desaprendem a sua tarefa essencial de ser humanos e de entender os problemas fundamentais dos outros homens. A Universidade hoje, por exemplo, a Universidade americana, a alemã, podem formar técnicos excelentes mas rarissimamente formam homens.»
O NeoqualquerCoisa, ao fazer o encaminhar do Cidadão para uma generalidade chã e inútil, ou para uma “ultra-técnica” sectorial, limita-se a fornecer uma Semiformação, que obstaculiza objectivamente a passagem da Educação e Formação, à Formação Cultural e à Emancipação, que vai perpetuar a hegemonia da sua Industria Cultural ao converter pelos interesses do mercado a Cultura em mercadoria cultural. É a Cultura Inculta!
No fundo, o objectivo inconfessado dessa estratégia é desproteger o cidadão, fazendo-o terreno fértil para a aceitação acrítica da tirania, e a apascentação dócil pela governação "e pretendem encontrar a solução numa "educação" que os tranquilize e transforme em seres domesticados e inofensivos."
--Cale-se, o que sabe disso! Não é especialista! Tem que ser assim, porque nós é que sabemos! Não há outra solução!
Evitando assim, consciente e inconscientemente, a reposição da Cultura, e em consequência da Ética e dos Valores como paradigmas da sociedade.
JB
Haverá Necessidade de Conhecer Bem O nosso Passado. E, As Suas Lições Por Todos Os Ângulos?
Sem Juízos Pré-Concebidos?
Mesmo Aqueles Aspectos Que Não Gostamos E Não Concordamos?
Há, sempre houve! Mas aquilo que mais custa por cá é que ninguém parece estar interessado, em aprender seja o que for com o passado!...
Para quê saber história e geografia económica, história e geografia comparadas, ou mesmo a simples economia comparada, desde os gregos até à presente data, e para quê saber as nossas raízes, os nossos feitos, e os nossos defeitos!?
Que disparate, sou Gestor! Que disparate, sou Engenheiro! Que disparate, sou Jurista! Que disparate, sou Economista! Que disparate, sou Financeiro! Que chatice! Que disparate!... Já não se usa, está ultrapassado, temos que ser modernos! E, vão frequentar mais uma “Universidade de Verão” de um partido da moda!
Que lhes importa, que o outro tenha dito e demonstrado que era grande, porque se alçava nos ombros dos gigantes, que o tinha antecedido!
O que importa é destruir tudo o que se já se fez, se não feito por eles!
Até porque eles, os outros, não sabem o que fazem, dizem... não eu não faria nunca assim….
Esteja bem ou mal feito!
Nem um "Sísifo Português" faria melhor!
Porque agora é que vai ser!... Porque agora é que é! Magnífico, é o último grito!... O melhor do... O maior do... O melhor da... O maior da... O mais moderno... A mais moderna... Porque agora estamos aqui!... Porque agora vamos para ali!...
Custando sempre milhões, muitos milhões, fazendo tudo de novo, do zero, mesmo que o que houvesse sirva perfeitamente para fazer o arranque ou a continuidade de uma progressão segura, se fosse estudada, e pensada, e planeada, com frugalidade e sustentabilidade de meios!
Mas não! O que é preciso é panache e grande pompa, deixar um momento glorioso, mesmo que oco para a posteridade!
Dando sempre azo à vã cobiça, e à cobrança do corço no novel empreendimento, quer em honrarias quer em espécie, e a uma inveja mesquinha, insidiosa e irresistível, que sempre se instala, e leva sempre a uma conspiração de estúpidos qualquer, para subirem e lucrarem através de um videirismo oportunista, custe o que custar!
São todos muito cheios de modernidade, mas como têm o seu saber e conhecimento colado à pressa, numa tentativa de colmatar o seu despovoamento mental, usam a leitura apressada de uns apontamentos facultados à última hora por um assessor qualquer, para "botar faladura" e impressionar a assistência do momento!
-São muito inteligentes, sabem muito disto, comentam os cidadãos espectadores. Enganados mais uma vez pela aparente profundidade da "faladura".
Porque também eles, os Cidadãos da assistência, refletem pouco nessas coisas, e são pouco atentos à qualidade real dos actores.
Mas mesmo quando a assistência não comente as loas propaladas, comentam eles, e a sua máquina de propaganda, e declaram sem sorrir… que ainda está para nascer alguém melhor que eles, nem que nascessem duas vezes! E, dizem isso sem sorrir!... Convictamente!
Ao nunca terem estudado atentamente os porquês das coisas, e ao copiarem modelos aparentemente eficazes directamente de chapa, aplicando-os de forma pouco estudada, e descontextualizada do contexto onde se inseriam, ficam depois sempre muito admirados, por terem sido surpreendidos pela geoestratégia eficaz, progressivamente sustentada e agressiva dos outros, e do falhanço do modelo aplicado!
E os Cidadãos?
Os cidadãos passam o tempo num suplicio de Tântalo, agora é que é mas... Mas afinal não foi!... Afinal agora vai ser!.. Mas afinal não é!.. Num eterno, e contínuo, não é nunca, geração a geração!
O corolário não menos grave deste problema é a falha gravissima, que constitui o não se ter a tradição de reter em Think Tanks, na Academia ou em Fundações Institucionais, os seus Seniores.
Com essa ausencia de boas práticas, o País perde muito, porque pela heterogeneidade dos seus saberes, os Seniores com isso podiam fazer a ponte entre gerações, até porque a audição e o questionamento de alguém vivo e activo é sempre muito mais profícuo, do que o simplesmente consultar dos trabalhos livros, cartas, mails e artigos publicados.
Despreza-se assim todo o capital intelectual acumulado e já decantado, que estaria facilmente disponível a todos, e permitiria às gerações presentes e futuras ganhar tempo, evitando o reinvento a cada geração da roda do conhecimento da memória do tempo, e o cair nos mesmos erros já cometidos em gerações anteriores, com toda a corte de desperdício de meios e valor.
Era então também fundamental deixar ao critério dos Seniores, o continuarem a contribuir muito ou pouco na medida das suas possibilidades, para a progressão e acumulação do conhecimento.
Ah! Mas não!
Que lhes importa que o outro tenha dito e demonstrado, que era grande, porque se alçava nos ombros dos gigantes que o tinha antecedido?! Mesmo sabendo bem que nem todos que o tinham antecedido, contribuíram para os degraus da construção das suas teorias, pela mesma via da linha do seu pensamento, mas o que importa, se, até o que não se confirmou e é contrário é importante!
Não só porque ser contrário, sabe-se hoje que pode ser provisório, mas mesmo que seja definitivo, contribui para a sempre perene memória do tempo, ou das coisas a evitar.
Por cá nunca se teve esse cuidado!
Precisa-se de renovar gerações já!
Mesmo quando as gerações pela baixa de natalidade, já nem se renovam em numero!
Na realidade só querem dizer com isso, que o que se quer fazer é... Trocar os teus pelos meus!
Porque agora é que vai ser!... Porque agora é que é!
Porque, é o melhor do... O maior do... O melhor da... O maior da... O mais moderno... A mais moderna... Porque agora estamos aqui!... Porque agora vamos para ali!... Não queremos velhos do Restelo!
Esquecendo-se que o pior velho do Restelo é a falta de conhecimento, do conhecimento decantado pelos anos e ainda vivo, na guarda de alguém que o viveu!
Uma Nação que esquece o passado, inevitavelmente negligência o conhecimento que dele pode ser extraído. E, por consequência, não pode esperar muito de seu futuro.
O conhecimento e a memória Nacional, ao não estarem em primeiro plano em nossas preocupações são um grande risco!
Ao não aprendermos com o passado, estamos ameaçados de repetir erros e ou sermos eternamente condenados a ter de recomeçar tudo do zero.
Tudo de novo!
Num eterno, e contínuo, não é nunca!
Começando do zero tudo sempre, mesmo quando já perto do cimo, ao melhor estilo de um Sísifo Trotkista.
JB
imagem: Sísifo de Tizano 1540 in WikipédiaA subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.